Curso de Psicanálise

BORDERLINE, NO LIMITE DA RAZÃO

Freud, em “O homem dos lobos”, descreve um caso diagnosticado como neurose obsessiva, mas que à luz das investigações atuais e a revisão psicopatológica poderia ser entendido como um caso de patologia borderline (entre a razão e a loucura).

Os pacientes afetados por tal patologia, de acordo com Pinel, eram completamente tomados por um “instinto furioso” e uma “sanguinária crueldade”, mas não manifestavam qualquer disfunção no plano intelectual. Vítimas de uma “insanidade” que os devastava afetivamente, mantinham perfeitamente intactas suas capacidades intelectuais.

Uma jovem normal e inteligente se casa aos vinte anos e vive feliz por mais de cinco anos. Gradualmente torna-se irritável, gesticula enquanto fala, suas peculiaridades aumentam continuamente; nenhuma empregada pára na casa. Briga constantemente com seus vizinhos. Dentro de seu próprio grupo familiar converteu-se numa tirana doméstica insuportável, que não reconhece seus deveres, apenas seus direitos. Provoca transtornos constantemente com suas reclamações e caprichos, mostra-se completamente indiferente para coisas importantes, como a relação com seus familiares próximos. Não gosta dos filhos, é incapaz de comportar-se.

Trata-se de Transtorno de Personalidade Emocionalmente Instável, no qual há uma tendência marcante a agir impulsivamente e sem consideração das conseqüências, juntamente com acentuada instabilidade afetiva. Nessas pessoas a capacidade de planejar pode ser mínima e os acessos de raiva intensa podem, com freqüência, levar à explosões comportamentais e de violência, que se agravam quando são criticados ou impedidos por outros.

Podem jogar compulsivamante, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso (compulsão também por doces é freqüente, principalmente nas mulheres), furtar/roubar (cleptomania), abusar de drogas e/ou bebidas (ex.: álcool, café, energéticos etc.), fazer sexo inseguramente, dirigir imprudentemente e até mesmo usar algum tipo de lazer de forma excessiva e patológica (ex.: televisão, computador, etc.).

SUICÍDIO

A dor que rasga no peito, a angústia que enlouquece, incendeia a alma instigando o desejo de dar fim na vida.  Com uma energia de uma bomba atômica, explodindo em raiva e tristeza, levando a sentimentos destrutivos, criando imagens e situações como se fosse uma roleta russa sem saída. Estes sentimentos angustiantes são manifestações de doença mental e precisa ser entendida como uma doença que pode ser tratada, como qualquer outro quadro clínico, como febre, dor de cabeça, dores diversas.

Suicídio ocupa a terceira posição entre as causas mais freqüentes de falecimento na população de 14 a 54 anos em alguns países. Estima-se que as tentativas sejam 20 vezes mais freqüentes que os suicídios consumados. Os homens cometem mais suicídio, e as mulheres fazem mais tentativas. Os transtornos mentais estão associados com cerca de 90 por cento dos casos de suicídio.

O ser humano, na fase inicial de sua vida, necessita dos cuidados para assegurar-lhe as condições mínimas de sobrevivência.  A mãe tem papel fundamental e determinante no desenvolvimento do ser.  Negligência, ignorância, abuso físico, verbal, sexual, emocional, maus tratos, rejeição da gravidez, deficiência na alimentação, violência, descuido do bebê, geralmente levam mais tarde a um estado amplo de torturas mentais inconscientes.

Em alguns casos, a automutilação que se caracteriza por  auto-lesões na pele, especialmente o cortar-se, queimar-se ou ferir-se com objetos pontiagudas são manifestados.  A nossa pele é o nosso envoltório. É o limite, a fronteira, entre o dentro e o fora.  Na tatuagem, prática cada vez mais comum, o indivíduo procura imprimir na própria pele imagens que o representem, que reafirmem características relacionadas à sua identidade.  O mesmo acontece no piercing.

O desenvolvimento da personalidade se dá de maneira truncada e interrompida, em função da falta de continência mínima, de afeto e de cuidado básico.  A presença destas condições proporcionam indivíduos com uma grande chance de se desenvolverem de um modo diverso, de grande sofrimento que os levam ao desejo de morrer.  Esta situação se expressa de maneira emblemática através das estatísticas que indicam um alto índice de ocorrência de abuso sexual infantil em pessoas com tamanho sofrimento mental.

Psicanálise, maravilhosa missão de tratar da dor da alma.

Transtornos Mentais

Transtornos Mentais

Os transtornos mentais estão embutidos em praticamente todas as pessoas, sendo que algumas se manifestam com mais intensidade e uma grande parte recalca por desconhecimento e vergonha de se expor.

Algumas doenças físicas não diagnosticadas clinicamente tem sua origem nos transtornos vividos, talvez numa passado bem distante, sem que a pessoa tenha consciência da sua origem. Poucos são os que procuram tratamento psicanalítico.

O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática profissional. Caracteriza-se por um conjunto de conhecimen­tos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.  A Psicanálise, é aplicada  pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto atra­vés de acões e palavras ou através das produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres.

A prática da análise tem nos revelado um desenvolvimento mental que contribui para as pessoas encontrarem solução para as coisas que as incomodam, que atrapalham a vida cotidiana, aliviando as cargas emocionais, de forma a dar o melhor para sí mesmo, levando ao equilíbrio emocional e bem estar familiar.

Tratando de uma senhora mãe de duas meninas na fase da puberdade e um filho de 6 anos, ela contou o conflito que existia e que estava bastante preocupante. No decorrer das sessões de análise, ela pode  harmonizar as suas emoções e compreendeu o significado da palavra “RAPPORT”, que lhe foi falado numa sessão. Numa determinda noite, de madrugada, entrou no quarto das filhas e conseguiu manter um diálogo que formou um elo de grande amizade e companheirismo, a qual voluntariamente me enviou o depoimento que segue abaixo e também se prontificou a ir comigo no programa Dia a Dia na TV Mocinha, para dar seu depoimento dos benefícios obtidos.

Depoimento na íntegra:

Bom dia sr Antonio,

Estive pensando alguns dias sobre esse depoimento, não poderia ser algo que fosse falado e pensado e escrito após alguns minutos.

As consultas me ajudaram e muito !

Em primeiro lugar lembrei que tenho vontade e sentimentos próprios, a partir do momento que pensei e realizei algo para mim, vieram as melhoras.
Acredito que a maioria das mulheres assim como eu, fazem de tudo para todos,e tentam fazer com que todos sejam felizes, e acabam de esquecer o principal...

Alimentar a alma do doador, que somos nós, precisamos lembrar que precisamos ser regadas de amor, individualidade e respeito, caso contrario viramos uma erva daninha, que sempre implica com os filhos, esta sempre de mau humor !

O rapport que fiz com minhas filhas, foi ótimo e colho os frutos ate hoje...

Com certeza teremos muito a conversar,,,pois há muitos obstáculos a serem vencidos, não que isso me incomode, faz parte da vida da nossa evolução !!

Um abraço,

Zara

Psicanalista Antonio Lopes: INVEJA QUE MATA

Psicanalista Antonio Lopes: INVEJA QUE MATA: Inveja É uma doença psíquica maléfica, destrutiva, pior dos sentimentos que pode habitar o ser humano. Inveja corrói continuamente como se o...

Surto Depressivo

Surto Depressivo

Recentemente uma pessoa me falou:

“a minha irmã pirou de vez ficou maluca!”

Ela tem boa formação, tem boa família, tem casa e carro, tem um bom emprego, ganha bem e trabalha bastante. Trabalha três períodos diariamente.

De repente começou a chorar muito, não quer conversar com ninguém, não quer ir trabalhar, nada está bom pra ela. Ficou realmente doida!

Nos últimos meses engordou 12 quilos e come tudo o que vê pela frente, não aceita mais conversar sobre se isto ou aquilo faz mal a saúde. Não sabemos o que fazer, pois quando falamos para ela que precisa reagir, ela desanda a chorar e se tranca no quarto. Quer somente ficar sozinha. Em uma outra história além desse quadro triste, a pessoa passou a fumar compulsivamente e a consumir bebida alcoólica.

Se você está lendo esse relato e percebe que tem essa manifestação dentro da sua casa ou em seu universo de relacionamentos, poderá estar presenciando um surto depressivo, que se não for devidamente tratado com terapias e medicação psiquiátrica poderá haver potencialização da doença.

A pessoa vítima de depressão tem um sofrimento interno terrível! É uma tristeza tão grande que poderá levar ao desejo de por fim na vida. Só ela sabe o tamanho do seu sofrimento.

Para lidar com o depressivo precisamos de uma dose muito grande de amor e neutralidade, respeitar os sentimentos sem se envolver, tendo a paciência de ouvir as lamentações, sem interferir nos sentimentos, sem querer dizer como ela deverá se comportar, sem criticar, sem dar exemplos de outras pessoas, e sutilmente encaminhar para tratamento.

Depressão não é frescura, é um transtorno neurótico que pode levar a loucura. Poderá ter alguns momentos de melhora, más sem o tratamento adequado explodirá de forma inesperada que pode levar a resultados irreparáveis.

INVEJA QUE MATA

Inveja

É uma doença psíquica maléfica, destrutiva, pior dos sentimentos que pode habitar o ser humano. Inveja corrói continuamente como se o corpo estivesse mergulhado em ácido. Queima mais que o fogo, alterando toda a química do ser, gerando uma pulsão de morte por aquilo que a pessoa não consegue ser.

É uma projeção de raiva sobre a outra pessoa , quando na realidade gostaria de ser como ela e como não consegue, agride sem refletir, pois não enxerga o monstro que habita dentro do seu ser.

Na visão psicanalítica, Freud fala do afeto presente no desenvolvimento sexual feminino, “o sentimento de falta”, de onde deriva o “complexo de castração”, por não ter e não ser como o outro.

Melanie Klein em 1957, na obra “Inveja e Gratidão”, aborda a polêmica concepção de inveja primária como um derivado direto da pulsão de morte,

presente desde o início da vida, sob a forma de ataques invejosos e sádico-destrutivos contra o seio da mãe.

O conceito de “inveja do pênis” na obra freudiana “Sobre as Teorias Sexuais da Criança” (1908) fala de uma experiência psíquica inconscientemente vivida pela criança denominado “complexo de castração”, por volta dos cinco anos de idade, e decisiva para a sua futura identidade sexual.

Inveja não é querer ter o que o outro tem, mas sim não querer que o outro tenha o que tem ou que seja o que é. Esta angústia destrutiva se manifesta na vida adulta, oriunda de traumas da infância pela descoberta de que o outro tem algo mais do que ela, fixado no inconsciente pela diferença anatômica entre os sexos.

A inveja é o sentimento raivoso de que outra pessoa possui e desfruta algo desejável, sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de estragá-lo.

A inveja pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa e remonta a mais arcaica exclusiva relação com a mãe.

Não se torture com a inveja, jogue fora seus sentimentos de frustração e de incompetência, refugue a raiva e ódio, estimule a humildade para crescer e aprender com os mais nobres sentimentos de amor, eliminando o veneno que tanto incomoda o invejoso.